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Vagarosa

sábado, 10 de outubro de 2009

Hoje eu vou me meter a crítica musical e falar desse CD gostoso de ouvir, que mistura uma pegada mais afro, meio Motown, com uma coisa meio reggae, um trabalho de temática e composição de som voltado pro passado, com samba e com todo um trabalho de percussão e beats eletrônicos resultando numa MPB moderníssima.





Há cerca de dois meses saiu o novo CD da Céu, chamado Vagarosa. Diferente do primeiro, ótimo e tão badalado CD homônimo - que foi até destaque na loja da Apple - esse foi pensado para soar melhor nos shows, mais orgânico, sem tantas alterações eletrônicas e instrumentais.

O nome do cd é Vagarosa e já denuncia que demorou bastante tempo para sair. Foi gravado em parte com a cantora ainda grávida e o cuidado e carinho por ele é tanto que os fãs chegaram a se impacientar na espera.


Para começar, uma vinhetinha de abertura extremamente gostosa, chamada "Sobre o Amor e seu Trabalho Silencioso", onde apenas um cavaquinho acompanha os versinhos simples. e a voz acalourada de Maria do Céu. Como ela mesma diz nessa abertura, o cd "vai pegar feito bocejo". - a composição é dela.


O bocejo, junto com a temática do sono, da preguiça e da vagarosidade, segue pelo cd. Na segunda música, bem mais eletronicamente carregada, chamada Cangote, dois versos retomam essa temática: "Vagarosa, me espreguiço/ e o que sinto, feito bocejo vai pegar..." - a composição é de CéU:






A brasilidade e o ecletismo seguem com a música Comadi, de CéU e Betto Villares. Nessa, com uma roupagem diferente do EP cangote, CéU dá mais um passo para o CD virar um clássico da MPB. Repare nas palavras típicamente brasileiras e na sonoridade toda trabalhada:




Para falar da próxima música, ninguém melhor que a própria CéU:
“Bubuia é uma maneira do norte de falar borbulha. O sentido é de seguir a vida leve, continuar, não importa o tamanho da onda. A borbulha faz isso. Na música, cada uma ficou com um verso. A gente gosta dessa coisa de ser backing vocal, fazer coro, como numa ciranda. A letra fala sobre a maneira de ir contornando. É uma filosofia ‘deixa a vida me levar’ total.”

(trecho retirado do blog da cantora) - (Composição: trio negresco:Thalma de Freitas, CéU e Anelis Assumpção)




 Já nascente, segue com um baixo e um trabalho eletrônico muito bacana e a letra personifica a natureza.




Bonita mesmo é Grains de Beaute, de CéU e Betto Villares. ( e fica mais bonita ainda depois da explicação da própria CéU): “Descobri que na França eles chamam as pintas de grãos de beleza. Como eles são elegantes... Gosto muito desse disco - “Histoire de Melody Nelson” (1971) - e essa música é uma referência bem explícita a ele.”




Seguimos com Vira-Lata, com a participação de Luiz Melodia:
“É a vibe dele, me passa essa sensação. Ele me inspirou a fazer esssa letra sobre paixões avassaladoras. Deram a ele um rótulo de maldito, mas eu não acho isso. Ele é um cara underground, uma das minhas vozes masculinas preferidas. Um dia, quando fizemos um show juntos, tomei coragem e o convidei para cantar no meu disco.”



Depois, uma música meio minimalista, chamada Papa, da Céu. É a única música em Inglês do disco e ela dá meio que a chave para entendê-lo: "Don't take yourself too seriously..."

Seguida por uma que lembra uma canção de ninar, e fala do tempo e sua passagem: Ponteiro.






Agora, a minha preferida de todo o disco: Cordão da Insônia é aquela música que faz você se sentir bem, coloque seus fones e ouça essa música que até um ônibus lotado, ou caminhar na chuva num dia que tudo deu errado fica gostoso. Veja o Making off:




Para voltar às raizes: Rosa, menina Rosa, um cover de Jorge Ben que nos remete ao samba.




Sonâmbulo segue, hipnótica, com um refrão forte, digno de virar single e  uma frase bacana: "Feito história de Moebius vão tirar sua visão/ e te dar olhos passívos adequados ao padrão"




E, para fechar, Céu nos convida para adentrar sua espaçonave e seguir viagem:
“A letra fala sobre a necessidade de se conectar com a natureza, de voltar para a nave mãe. O Catatau ouviu a música, curtiu e tocou guitarra. Foi o primeiro indício de que o disco estava realmente existindo



Para fechar, vejamos uma entrevista da Céu sobre o disco para o programa Metrópolis, da Tv Cultura.





Confira o blog oficial da Céu:


E, por fim, vai a dica: aprecie o álbum, desguste devagar, seja vagarosa. Ele faz jus a toda a fama da cantora, e a todo o hype que a segue. Quando Caetano disse que ela é o futuro da MPB, não estava errado. E esse futuro é promissor.



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